Fim de um ciclo

Como todos sabem já não sou, juntamente com o Nélson, treinador desta, que para mim será sempre a melhor equipa do mundo - a nossa equipa - .
Foi em 2002 que fui fazer o meu primeiro treino nesta equipa. Tinha 17 anos, e curiosamente, foi um tal de Nélson Azevedo que me levou a treinar, como a tantos outros. Curiosamente também, num treino que chovia imenso, fiquei só de fora, a ver os outros a jogar, na conversa com um caloiro do norte - o Casca.
Joguei ao lado de grandes jogadores. Na defesa pude jogar com a experiência do Benfica, o talento do Dois Dedos, a raça do Costa, o prodígio do Aimar, a segurança de um Paulinho. Assisti de perto á raça do Nelson, do Nabais, aos artistas Jaime e Carlos, ao matador Aly Neto. Mais tarde fui confirmando, que Albucas, Rodrigues, continuariam a demonstrar a mesma defesa da camisola, que o talento permanencia em gajos como o Hugo ou Madeiras, e que a raça não desapareceria nunca com gajos como o Tudela, Nino ou Vidic.
Fui treinado por pessoas que me despertaram sentimentos que desconhecia poder ter por um desporto,por uma equipa, pessoas que com simples palavras, gestos, ou berros de incentivo me fariam morrer em campo, fui alertado para a inevitabilidade que comporta esta camisola - uma camisola, que uma vez usada, terá de ser suada e sentida, e transformar-se-á num vicio.
Em 7 anos, houve momentos em que estive mais longe, momentos que estive mais perto. Como todos estaremos. O importante é que a equipa não faz perguntas, não julga. Ela estará lá para nós, mesmo quando não estivermos lá para ela. E essa foi uma das lições que levo para o resto da vida. Que quando se está ligado a outros por laços tão fortes, estar-se-á sempre lá de braços abertos.
Foi assim, de braços abertos, que recebi a noticia, de que após 5 anos como jogador, treinaria a minha equipa. Terminou um ciclo de dois anos e os resultados falam por si.Juntos, ganhámos dois titulos, um nacional e um internacional. Mas honestamente, os melhores resultados, foram garantidos noutros locais: Em Alentejos, em noites de luar, em Leuven, em Amesterdão, numa festa, num almoço antes do jogo, num balneário... As vitórias souberam imensamente bem, mas não teriam o mesmo sabor se não tivessem sido calibradas com a amizade, união, identificação que pautou o nosso grupo. Como treinador, bem ou mal, tentei ser mais um dos vossos, um amigo, um companheiro, que apenas pedia que 3 horas por semana, e durante os jogos, tivesse o respeito nas decisões. Acho que de fora poderia ser estranho acreditar que tal resultasse, acho que houve momentos que se confundiram situações, mas no geral, adaptámos-nos todos a uma situação que poderia parecer caricata, e revendo-a agora, acho que foi uma boa decisão, porque contribui em grande para a nossa união e crescimento do nosso espirito, os segredos dos nossos triunfos.
Agora que encerro este ciclo de 5+2, não me sinto triste, mas confesso que sinto um vazio. As terças e quintas vão ser diferentes, e vou passar a ver ainda mais de fora os jogos. Mas o meu trabalho estava feito e como em tudo na vida, há que deixar fazê-lo a quem o fará ainda melhor.
Vão encontrar dois treinadores, dois amigos, o Silas e o Pinto, cheios de motivação, vontade e conhecimento para vos garantirem bons resultados. Trabalhem e deixem trabalhar. Têm os jogadores, por isso mantenham a humildade e o esforço que, lembrem-se, nos garantiram sucesso.
Quero agradecer a todos, uns mais, outros menos, me acompanharam nestes dois ultimos anos. Como treinador, levo-vos para sempre. Raras são as vezes que não adormeço a pensar em golos e em jogos incriveis desta equipa. Obrigado por tudo e desculpem qualquer coisa amigos.

3 momentos marcantes pela emoção que me despertaram:

- o discurso do Silas o ano passado. Força Silas, eles estão contigo.

- a recuperação este ano contra medicina. 4-0. 4-5. Cada golo dava-me vontade de chorar.

- a preparação para a final de Leuven. O almoço nos baldes, o Al Pacino, com aquela imagem do campo, e o hino cantado no campo. Super tuga não esquece.


3 momentos marcantes fora de campo:

- o 1º Alentejo, Milhoes de cenas para contar, demasiado alcool, e duas noites a dormir no carro. " o qué q se passooouuuuuuuuuuuuu? "

- no Ambriorix todo fodido com uma garrafa de whisky bebida e a ver 8 ou 9 Vilelas a entrar por ali de cabelo rapado. PS- Cristovão poe te a pau, que eu sei o que vi.

- A ida de comboio de Leuven para Amesterdão. Acho que devo ter batido o record mundial de palavras ditas em 5horas. Casquilha podes dormir a vontade que ninguem te rouba a mala.



Muitas outras coisas haveria para dizer, para contar, ou para agradecer, mas foram dois anos tão cheios de coisas tão boas que nunca mais parava. Exprimentem vocês lembrarem se de tudo o que já passaram nos ultimos dois anos com a equipa da Fdl...
Por ultimo, referir que o blog passará em breve para os novos treinadores.
Um abraço,
Até já,

Feijoca